farta distribuição de comendas da Ordem de Cristo. Ora, se o irresistível Lorena e Távora conseguia, assim, tirar água das pedras, o Governador seguinte, Pedro Maria de Ataíde, pretendeu ser ainda maior taumaturgo, batendo uma segunda vez na rocha dura dos corações dos velhos mineiros ricos: o milagre se repetiu, na superabundância de um donativo verdadeiramente régio, que atingiu a bagatela de 250:000$000!(165) Nota do Autor E, segundo ordem recebida da Real Junta da Corte, deveu remeter o dinheiro arrecadado "exportado em Navio de Comercio demelhor conceito" (Carta de 11.I.1806, ao Gov. D. Fernando José de Portugal, da Bahia)...(166) Nota do Autor O Príncipe D. João iria acostumar-se ao cômodo recurso e, generoso como sempre timbrou em ser, aumentou a distribuição de comendas e veneras...
Como, entretanto, para as mais instantes despesas do governo da Capitania não sobrassem, de há muito, nem as rapas do tacho, surgiu, desde os tempos do imaginoso Governador Luís da Cunha Menezes, a instituição da loteria para custeá-las, "sem dúvida hum meio, o mais suave, e adequado porque convidando-se jogadores sem o menor constrangimento concorrem somente os que de vontade querem entrar", conforme a esfarrapada desculpa de um honorável Capitão-general.(167) Nota do Autor A desculpa teria oportunidade se fosse dada nos tempos puritanos(!) de D. João V, em que Sua Majestade proibiu, mais de uma vez, no Governo das Minas, o uso de "humas Sortes, a que chamão Rifas"; depois, no reinado de D. José I, o Reformador (não sei se das reformas do ensino ou das regras do gamão...), a partir de quando os jogos de azar ganharam nova intensidade, em Portugal e no Brasil, ela seria escusada. A primeira loteria destinou-se ao custeio das obras da Cadeia de Vila Rica e depois a outros serviços públicos, inclusive os municipais. Lorena intercede junto ao Conde de Rezende, em 22 de maio de 1800, "abem da venda dos bilhetes da sua Lotaria para conclusão da Obra da Gaza da Camara de Vila Rica".(168) Nota do Autor Também foi encomendada a calçada das Cabeças, na mesma Capital, ao Barão de Eschwege, em 1816, a quem o Governador D. Manuel de Portugal e Castro mandou entregar "uns dinheiros de loterias", na importância de 200$000. Como se pode ver, a Administração da Capitania, que arrecadara