que o rodeiam. Vive uma vida primitiva, no mesmo ritmo da de um século passado, embora há três anos, periodicamente, venha levantando os olhos para ver as asas rutilantes do avião que chega do litoral.
A geografia do centro e do norte do país move-se tão vagarosamente que parece estática.
Quase todo o território nacional fora da influência marítima apresenta condições sociais semelhantes. Nos Estados brasileiros deparamos com povoados, arraiais, vilas e cidades decadentes, perdidos na imensidão do solo. Não é preciso ir longe do Rio de Janeiro para contemplá-los. Com três horas de automóvel, ao deixarmos o macadame que se dirige para Juiz de Fora, encontramos Cebolas, no Estado do Rio ou Santana, em Minas, os quais reproduzem o mesmo aspecto de São Domingos em Goiás, Nioaque em Mato Grosso, Águas Belas em Pernambuco ou Baião no Pará, distantes dias e dias da capital da República.
O Brasil ocupa a maior extensão costeira dos países que orlam o Atlântico Sul e ostenta aos que nele desembarcam um aspecto diverso do que se encontra no cerne continental. As capitais ou centros urbanos, que se alinham na costa, exibem o progresso do século e escondem o atraso do grande espaço, cuja largura máxima vai de Cabedelo às nascentes do Javari, e comprimento máximo, da foz do Chuí à do Oiapoque, tendo cada uma dessas dimensões quatro mil e quinhentos quilômetros aproximadamente.
Quem habita o nosso grande espaço continental é o sertanejo. Pária da civilização brasileira, magnificamente aclimatizado e marcado por grande docilidade de caráter, estaria em outra fase