cultural se houvéssemos tido outra orientação administrativa.
Parte do atraso que se observa no interior do país deve-se à mística, na qual todos fomos embalados: "terra de ouro e esmeraldas"... Geralmente aqueles que se encarregaram de conduzir o nosso desenvolvimento aprenderam corografia "ouvindo estrelas", sem ser picados por mosquitos, sem compreender a realidade destes oito milhões e quinhentos mil quilômetros quadrados.
Os brasileiros de vida litorânea, alimentados com a cultura europeia perderam a noção do continente inexplorado e desconhecido que se estendia atrás deles. Durante estes quatro séculos de vida nacional reservamos para nossa terra apenas os sentimentos afetivos primários. A visão panorâmica de rios, vales e montanhas serviu apenas para despertar emoções estéticas.
Nossos administradores, cegos pela imaginação da terra "dadivosa e boa", não perceberam que as "bandeiras", as picadas dos buscadores de ouro, as correrias dos caçadores de índios, nos séculos da colonização, apesar de toda a audácia, não conseguiram estabelecer uma rede de meios de transporte no país, devido aos obstáculos geográficos. Não viram que muitas aglomerações humanas do interior, originadas da bateia, do curral ou da capela eram apenas vilas de passagem, acampamentos transitórios, fadados à decadência. Esqueceram-se de que o contingente europeu que desembarcou e invadiu o sertão, desde a descoberta do Brasil, não era gente de ideal a ponto de pretender transformar o novo habitat numa pátria unida e operosa.