Para o Brasil, não veio gente como a que desbravou, na mesma época, a América do Norte. Os Puritanos e os Huguenotes, enquanto abriam clareiras no Novo Mundo, disseminavam rígidas regras de moral e de previdência. Perseguidos em suas pátrias, eles edificavam uma outra, modelada com os princípios políticos e religiosos pelos quais se batiam e lhes motivaram o exílio.
E, também não aportou gente como a que construiu cidades no interior da América Espanhola. No Brasil não desembarcou um Cortez, que desarmou a sua nau e carregou o madeiramento para o interior com o fim de edificar as casas.
Os portugueses viram o Brasil apenas como uma terra de onde tudo se devia retirar: as vilas e caminhos que fizeram no sertão tinham caráter provisório. A história da colonização foi um ato de drenagem: os produtos vegetais extrativos e agrícolas e o ouro escoaram-se ininterruptamente do sertão para o mar. Os utensílios que da costa iam para o interior só serviam àquela drenagem. A marcha para o sertão representou destruição de florestas, esgotamento de jazigos em benefício dos países estrangeiros ou quando muito do nosso litoral.
Por outro lado, se o português deixou de modelar nesta terra uma pátria no sentido material, também não se preocupou em formar uma mentalidade específica de seus habitantes. Não impôs nada...
As gerações brasileiras vieram-se desenvolvendo muito a sabor das circunstâncias das épocas do mundo, recebendo influência de tutti quanti que por aqui aportaram posteriormente.