Viagem ao Tocantins

é a viagem transoceânica até certo ponto lhes aparecia como uma libertação.

Embora naquela época Portugal, por estar absorvido em singrar os sete mares, não tomasse parte na Reforma e Renascença que bafejavam a Europa, não quer dizer que alguns de seus filhos já não "sentissem" que vingadas certas ideias novas se livrariam da opressão do clero e da nobreza. Em 1º de maio de 1539, os trabalhadores gráficos de Lião faziam passeatas de protesto contra as explorações patronais e cartazes atrevidos contra os abusos dos clérigos se afixavam nas portas das igrejas de várias cidades europeias. Por muito "distante" que as ruas de Lisboa estivessem da passeata de Lião, deve-se admitir que um ou outro de seus moradores souberam do movimento antifeudal que fervilhava na Europa.

Não tivemos as "levas de idealistas", que, ao se fixarem na América do Norte no século de nossa descoberta, cuidaram de construir uma Pátria no Novo Continente. Mas, devemos admitir que "alguns indivíduos" da sementeira que produziu os guerreiros da Independência Norte-Americana deram às costas brasileiras com o rótulo de exilados voluntários e degredados.

Acantonados em Piratininga, tais exilados da Península Ibérica originaram os paulistas, os primeiros pioneiros do Brasil. Afastados de Portugal e da estrutura mental da Idade Média, de costas para o Atlântico, de vida e origem diversa das dos burocratas que molemente habitavam o litoral, revivescidos pela visão dos horizontes que o planalto lhes proporcionava, com a inquietude que lhes transmitiram os pais, os paulistas arremeteram-se para o sertão e, expandiram a coragem de

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