A d. João III cabe o ter prestado mais acurada atenção à colônia americana, onde o nome do símbolo sagrado do catolicismo (se a Cabral se deve a designação "Terra de Vera Cruz" ou "ilha de Vera Cruz", não passou ele de mero imitador de Colombo) desde o fim do primeiro decênio da posse fora substituído, não obstante o tremendo anátema de João de Barros(3) Nota do Autor, pela apelação comum do lenho commercial, já conhecido e usado antes dos descobrimentos lusitanos, do brasil, tão útil naquele tempo à tinturaria e que navios franceses entrelopos, tanto que os portugueses aportaram à América do Sul, daqui começavam também a conduzir para as grandes feiras da Europa.

Tornou-se imprescindível defender a região contra os intrusos que, levantando redutos em vários pontos, para o mesmo fim mercantil das raras feitorias lusas, pretendiam assenhorear-se dela, como de uma res nullius, que, por força do princípio do direito romano, nisso ainda então vigorante, devesse ceder ao primeiro ocupador: daí, os conflitos, as reclamações internacionais em pura perda, e, por fim, as expedições guarda-costas. A este processo, iniciado em 1526 ou 1527, pertencem as armadas de Christovam Jacques, Antonio Ribeiro e Martim Affonso de Sousa. Os resultados das duas primeiras foram pouco satifatórios ou nenhuns. Não assim os da última. Esta, aqui chegada em 1530, não só explorou toda a ourela do domínio luso (a partir da foz do Gurupi, que foi então denominada "abra de Diogo Leite"), como também, transpondo o extremo sul do meridiano de Tordesilhas, subiu o rio da Prata, fincando-lhe marcos possessórios à margem esquerda, qual se vê do Diário da navegação de Pero Lopes de Sousa (pags. 46-47 da ed. de 1839). À expedição de Martim Affonso devem-se igualmente duas entradas no sertão, que serão expostas mais adiante, e, além da regularização do arraial já formado por João Ramalho e seus mamelucos, a fundação, também em 1532, do primeiro núcleo prestadio de colonização portuguesa assentado em nossa terra, São-Vicente,