Vice-Reinado de D. Luís D’Almeida Portugal, 2º Marquês do Lavradio 3º Vice-Rei do Brasil

região contestada; civilizando e julgando; adestrando as milícias nos quartéis da Colônia do Sacramento, do Rio Pardo e do Desterro e plantando, nas chácaras de Mata-Porcos e do Catumbi, os primeiros pés de café... Não pôde evitar desastres transitórios, infortúnios efêmeros: mas levantou alguns pilares definitivos da grande casa brasileira. Antecipou-lhe a fartura do século seguinte com a introdução do cafeeiro nos quintais cariocas. Organizou-a com decência e modéstia. Retocou-lhe a harmonia interna com o seu famoso instinto de disciplina, em que se juntavam a influência do conde de Lippe e o exemplo do marquês de Pombal. Orientou a recuperação do "continente do Rio Grande de São Pedro". E teve o mérito acessório de crer - com sisudo otimismo - no futuro do Brasil.

O decênio administrativo de Lavradio deixou na história nacional um sulco profundo. Podemos hoje revivê-lo na comprovação original que nos oferece o atual marquês de Lavradio. Sem recorrer aos textos, naturalmente lacunosos e confusos, abriu simplesmente os seus cofres repletos de documentos de família; e, com a probidade paciente dos verdadeiros investigadores, nos extraiu deles um relato singelo, minucioso e autêntico. É a crônica do 3º Vice-rei segundo os seus guardados. Quase uma autobiografia; ou o livro de memórias que escreveria, se lhe sobrassem lazeres e preocupações de celebridade, o sóbrio segundo marquês de Lavradio.

Há ainda em Portugal tais tesouros ocultos: os cartórios de muitas casas nobres que mantêm, no salão barroco da quinta ou do palácio vetusto de Lisboa, o retrato sombrio e orgulhoso do avô que foi grão-senhor em além-mar. São arquivos religiosamente conservados que escondem parcelas do nosso passado. A história do Brasil nunca será completa sem o subsidio dessas coleções

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