Vice-Reinado de D. Luís D’Almeida Portugal, 2º Marquês do Lavradio 3º Vice-Rei do Brasil

inestimáveis. Exatamente porque apresentam a outra face da verdade histórica: a interpretação miúda, pessoal e sincera dos acontecimentos que conhecemos na sua exterioridade... oficial. Confissões, desabafos, segredos, ajustes de contas; o panorama social, caracteres, erros, virtudes, sacrifícios, misérias; as intrigas, as confidencias, as paixões, os homens. Cartas que não aspiravam à posteridade, e por isso têm a frescura e o interesse de todas as indiscrições; bilhetes patéticos, mensagens reservadas, ordens secretas, narrativas que põem por terra o enredo imaginoso dos historiadores das gerações precedentes; mina rica de gemas sem preço - donde desentranhou o Sr. D. José de Portugal estas páginas objetivas, amostra da valia e largueza doe arquivos nobiliárquicos do seu país.

Ganhamos assim um capítulo de história brasileira - valorizado por uma copiosa informação inédita - escrito em Portugal, por um português ilustre, de acordo com os manuscritos de sua propriedade, 150 anos à espera de quem lhes desse o relevo e a importância de um depoimento, o mais autorizado e o mais eloquente, sobre o império que emergia do "deserto americano".

E aliás a impressão final que dele se tem: o esforço lúcido de uma corte pobre, de um ministério astuto mas hesitante, de um Estado ainda vigoroso porém entibiado pela diplomacia burocrática e mole que sucedera a D. Luiz da Cunha e Alexandre de Gusmão, dos procônsules que no Brasil lhe cumpriam as ordena indecisas (como tanto se queixou Lavradio), esforço ansioso e vivo pela fundação do império que seria a nova Lusitânia. Tornara-se o pensamento de um Brasil semelhante à Europa e talvez substitutivo da Europa - a obcessão doa altos personagens de Lisboa após o terremoto.

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