Vice-Reinado de D. Luís D’Almeida Portugal, 2º Marquês do Lavradio 3º Vice-Rei do Brasil

Reatara, na secretaria del-rei, muito atordoado pelos tumultos da terra, pela conspiração dos fidalgos e pelo combate aos jesuítas, a tradição legada por D. João IV. Havia de ser o argumento heroico de Pombal, de D. Maria, de D. João Príncipe Regente, sempre que corresse perigo, no Tejo, a independência da monarquia. Provocara atos enfáticos, palavras sibilinas, grandes providências. Bobadella, o conde da Cunha, o marquês de Lavradio, trabalharam seguidamente nesses preparativos hercúleos: a aparelhagem de uma nacionalidade, sem que suspeitassem disto os colonos - a lamentar-se da opressão metropolitana - e as potências estrangeiras - que nos ignoravam. D. João VI foi o beneficiário de meio século de boa política colonial. Em 1808, parecia um passe de mágica a revelação do Brasil; em 1822, um milagre o Império. A razão do prodígio está no século XVIII: em parte o ativo Lavradio o preveniu e engendrou. Anteviu a unidade nacional ductilizada pela descentralização administrativa; fez valer a sua autoridade coordenadora; e descobriu a solução econômica de 1830: o café.

Entra justamente no rol dos precursores: ao contrário de tantos governadores retrógrados daquele período de pequenos déspotas, como o Fanfarrão Nemésio das Cartas Chilenas, devassou com o olhar esperto horizontes e destinos. Profetizou o Brasil do século XIX. Ajudou-lhe a evolução. Foi sem limites o seu poder temporário. E no fim desembarcou nos cais de Alcântara, de volta à metrópole - conta o seu biógrafo - sem ter dinheiro sequer para gratificar os remadores do escaler real que o conduziram da não de alto bordo para a terra, onde resplandeciam as casacas vermelhas, as garnaxas, as cabeleiras empoadas e os espadins da parentela que fora recebê-lo.

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