escravo indígena foi deslocado pelo escravo negro do mercado de trabalho colonial da mineração, o que vale dizer que para ser minerador era preciso ser senhor de escravos negros.
Ora, os paulistas, potentados em arcos e flexas, não possuíam escravos negros em abundância, nem condições econômicas para adquiri-los. Por isso, na competição econômica, foram desalojados da área mineradora pelos que puderam inverter grandes recursos na escravaria negra. Coube-lhes a glória das descobertas das minas, não o proveito de explorá-las.
Foram esses os paulistas colonizadores do Sul: gente de prol, mas sem cabedais, senhores de índios, não de negros, numa época em que as fortunas na Colônia, mesmo fora da zona do açúcar, já se contavam pelo número dos negros na senzala. Impossibilitados de concorrer favoravelmente na exploração das minas, os paulistas se deslocaram para o Sul, já não à cata do ouro, mas do gado. E assim procedendo, agindo embora no seu estrito interesse de sobrevivência com êxito econômico, deram razões novas à Coroa portuguesa nas suas investidas diplomáticas e militares contra os castelhanos.
Mas a Coroa por sua vez serviu aos paulistas. Já em 1680, os portugueses fundavam um estabelecimento militar (que Oliveira Viana, pensando no gado abundantíssimo da região, chamara de "ponto de pega") nos confins meridionais da porção desse hemisfério que Portugal afirmava legitimamente possuir: defronte a Buenos Aires localizaram a Colônia do Sacramento. Entre a Colônia do Sacramento e a Capitania de São Vicente estava o gado, que seria objeto das razias dos paulistas. Mais tarde, à medida que se processava a penetração dos tropeiros paulistas, novas povoações e fortalezas foram sendo estabelecidas pela Coroa: Laguna, Desterro, o forte Jesus Maria José; e com elas, a um tempo, preava-se o gado e se conquistava a terra.