Um jornalista do Império

aleijado da mão esquerda pelo resto da vida. Era o chamado tempo do cacetismo. As duas surras, entretanto, não impediram que mais tarde aparecesse ele "de braço dado com os Andradas".(1) Nota do Autor

Evaristo da Veiga trouxera sopro de aragem no feitio virulento do jornalismo da Regência. Na Aurora Fluminense guardava sobriedade. Raras vezes sairia da moderação. Difícil, ante a vibração reinante, ficar imune à tentação de desancar os contendores à moda da casa. Isso não evitou que, como May, sofresse atentado em que por um triz não perdeu a vida. Um tiro de pistola o atingiu pouco abaixo do olho esquerdo. Evaristo não acreditou ter sido José Bonifácio o mandante. Mas de Martim Francisco, "cuja alma rancorosa todos conhecem - escrevia ele -, temos mais de uma razão para suspeitá-lo".(2) Nota do Autor

As frequentes agressões pessoais durante a Regência e mesmo - porém mais atenuadas - no Segundo Reinado, como consequência de polêmicas, surtiam do ambiente borbulhante. Não punham termo à contenda. Antes a exacerbavam. A tendência para a personalização do debate é o friso característico da imprensa da época. Duravam apenas quatro meses as sessões do Parlamento. Pouco tempo para os representantes do povo extravasarem as diferenças políticas na tribuna. A Corte não oferecia muitas diversões. Ocupavam-se todos de política. Ela lhes fornecia os principais motivos de interesse. Familiarizara-se o povo com o palco, os atores e os papéis, que desempenhavam os políticos. Adivinhando o gosto do público, os jornais o alimentavam como podiam. Basta dizer que, de 1821 a 1836, em apenas 15 anos, apareceram na Corte nada

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