Um jornalista do Império

do período regencial e do Segundo Reinado, como expressão política, jamais foi mais livre no Brasil.

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Surge o Cronista no segundo semestre de 1836, quando se avolumava a oposição à regência de Feijó. Justiniano José da Rocha, que já adquirira renome como jornalista pelas campanhas do Atlante contra o tráfego de escravos e a manobra dos liberais para fazerem da princesa Januária regente do Império, convencera Firmino Rodrigues Silva e Josino do Nascimento Silva para, com ele, fundarem o jornal.

Haviam se conhecido em São Paulo, contemporâneos de Academia. Firmino, quando a Academia contava apenas cinco anos de existência, nela se matriculara em 29 de março de 1833. Viera do Rio de Janeiro, onde nascera a 23 de outubro de 1815, filho de Firmino Rodrigues Silva. Pertencendo a família de posição social modesta, não poderia, no regime anterior, sonhar sequer em estudar em Coimbra, para onde iam apenas alguns privilegiados. O avô, Manuel Rodrigues Silva, emigrara para o Brasil na segunda metade do século XVIII. Era natural do Couto do Baldreu da Comarca de Viana, onde o pai, João Pereira da Silva, casado com D. Maria Rodrigues, exerceu o cargo de Mestre Régio de Primeiras Letras e Gramática Latina por mais de 40 anos. Manuel Rodrigues Silva e o filho viviam com economia e singeleza. Possuíam, todavia, o gosto das letras, que na pequena aldeia portuguesa por tanto tempo ensinou João Pereira da Silva. Fernando, irmão mais velho do estudante de São Paulo, dedicar-se-á, como o bisavô português, ao magistério.

Os que escreveram sobre Firmino costumam dá-lo como nascido em Niterói. O erro tem origem na interpretação dos dois primeiros versos de sua Elegia:

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