em subido grau aquela faculdade privilegiada, de que zombam às vezes os invejosos que a não têm, o dom, a flama, o sentimento e a música da poesia."(4) Nota do Autor
O Cronista não toma partido desde logo. Mantém-se em atitude de independência. Significativo o lema adotado: "Há no mundo quem tenha mais juízo que Voltaire, mais força que Napoleão - é o povo."
Bernardo Pereira de Vasconcelos oferecera projeto para revogarem-se os seis primeiros artigos da lei, que vedava o tráfico de escravos. Se vingasse a proposição, tornar-se-ia novamente lícito o infame comércio. Com indignação, sem fé no juízo de Vasconcelos, afirmavam os redatores do Cronista. não conceber "como os votos dos senhores deputados poderão, sem incorrer na cumplicidade de um crime abominável, privar os africanos livres, que o crime submeteu ao jugo do cativeiro, da sua liberdade, que as leis garantiam".(5) Nota do Autor
Não obstante o combate ao projeto de Vasconcelos, ocupado em reorganizar o Partido Conservador, tachavam o jornal de oposicionista. "Quando tomamos a nosso cargo a redação desta folha" - declaram seus redatores -, "sentimos que uma voz imparcial se devia fazer ouvir no meio da luta tão grave de interesses malogrados, de amor-próprio ofendido, que então se desenvolvia no Brasil." Não pertenciam à oposição, porque não havia no Brasil oposição como entendiam se deve fazer aos governos de qualquer nação do mundo, "oposição que procure substituir um princípio, uma ideia por outra, e não um homem, um Ministério por outro". Governistas também não eram, porque o Ministério "não tem uma ideia, não tem um principio administrativo", e seu único fim é "repelir os ataques que