Um jornalista do Império

"que importa à minoria atual a Constituição do Estado? Quando trata de apear seus antagonistas do poder, que lhe importa a ilegitimidade dos meios?"(44) Nota do Autor

A propaganda maiorista tinha ressonâncias profundas. Encontrava receptividade na Corte e nas províncias. Estava-se ansioso pela mudança, estava-se cansado da regência. Todos previam o desfecho. Não obstante contar com maioria na Câmara, o Partido Conservador, se lutava pelo princípio da ordem, percebia que seria despejado do poder, caso perdesse. Divorciado da vontade predominante no país, teve de prosseguir na luta. Não porque assim quisesse, mas porque lhe não sobrava outra saída, Se a linha divisória entre as duas correntes políticas, que no Império, alternadamente, ocupariam o Governo, se acentuou no combate à regência de Feijó, a questão da maioridade deu aos dois partidos seus contornos definitivos.

Explora o Brasil as contradições dos liberais. Em 1835 e 1836, quando se falou na regência da princesa D. Januária, com a mesma idade do Imperador, a oposição, protegida de Feijó, e então no Governo, soltara berros e brados: "É uma conspiração, clamavam; pereçam os conspiradores. E os Marinhos e Ottonis produziram essa estupendíssima mensagem dos pereças." "E agora? Agora, que são oposição, já não clamam - pereçam os conspiradores, dizem - pereçam os camarilheiros. Tudo lhes apraz: regência de D. Januária, maioridade do Imperador." "Quiséramos" - conclui "que esses senhores tivessem a bondade de nos explicar qual a diversidade de circunstâncias que os fez tão assanhados contra a regência da Sr.ª D. Januária em 1836 e os faz tão assanhados pela maioridade do monarca

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