invasão militar em seguida à transposição do canal da Mancha. Tais eram as alternativas que se ofereciam a Bonaparte e que não poderiam ser seriamente consideradas, antes que tivesse sido solucionado o problema, relevante e decisivo, da neutralização do poderio naval britânico.
Mas examinemos os antecedentes que deram origem ao tratado de Tilsit. Por ocasião da batalha de Trafalgar — 21 de outubro de 1805 — praticamente todas as nações da Europa estavam em armas contra a França. Esta circunstância impedia, de maneira absoluta, que Napoleão pudesse desviar mesmo uma reduzida parcela dos seus exércitos para ser empregada em uma nova frente de batalha que não estivesse, direta e intimamente, ligada à rede de vigilância, estabelecida pelo seu sistema de segurança continental. Além disso, dada a extensão das perdas, infligidas por Nelson à esquadra francesa, tornara-se mais que problemático o êxito de qualquer escaramuça que tentasse empreender no mar, contra os ingleses. Em face da conjunção de tantos fatores adversos, compreendera que não lhe restava outra decisão, senão desistir temporariamente daquele obsedante projeto, adiando, para melhor oportunidade, a ansiada conquista das Ilhas Britânicas.
Desfazendo o quartel-general que estabelecera em Boulogne e abandonando os estaleiros improvisados em que pretendera construir a frota de desembarque, Napoleão voltou-se para o oriente europeu de onde lhe chegavam aos ouvidos confusos rumores de reagrupamento das forças aliadas, em preparação para o desfecho de uma contraofensiva, dirigida de leste para oeste. Reexaminando os planos que elaborara anteriormente, quando bem diferente era a situação europeia, adaptou-os à realidade da evolução da guerra, já que se tornava imperativo, antes