sistemas monárquicos existentes nas respectivas Metrópoles. Satélites na órbita de influência das grandes potências, Portugal e Espanha gravitavam ao sabor da conveniência estratégica dessas mesmas potências e a independência política de que gozavam não passava de um arremedo jurídico, elaborado apenas para efeito exterior, já que as linhas mestras dos seus destinos estavam direta e respectivamente ligadas aos governos de Paris e de Londres.
Quanto a Portugal, a Grã-Bretanha não possuía motivos para se preocupar, naquele momento, pois a aliança, entre os dois países, apesar das tergiversações do Príncipe Regente, constituía uma base sólida de interesses recíprocos que justificava alguma confiança. Em relação à Espanha, como vimos, a dinâmica de uma diplomacia intervencionista estava em pleno desenvolvimento, tendo por objetivo a América Latina. A morte prematura de Pitt, em janeiro de 1806, veio interromper todos esses planos, atirando o governo britânico, pelo período de doze meses, numa fase desanimadora de ausência de liderança, na conduta da guerra.
Canning, a quem o desaparecimento de Pitt ferira e chocara como um desastre nacional, selou, num discurso pronunciado em Liverpool, seis anos mais tarde, o compromisso de arcar com a responsabilidade da herança espiritual do grande chefe conservador. "A um homem, enquanto ele viveu", declarou Canning(9), Nota do Autor "fui devotado de coração e com toda a alma. Desde a morte de Pitt, deixei de reconhecer qualquer líder, pois a minha fidelidade política está enterrada em sua sepultura."
Essas palavras, embora traduzindo um estado emocional em fase aguda, não se revelaram, com o correr dos anos, vazias de significação. Durante sua trajetória de