intervir numa representação; ou Ketchek Pehlivan, que quer dizer o lutador calvo. Os bonecos são uma variante das sombras chinesas. Pendj, como qualquer personagem principal de teatro de bonecos, emprega todos os meios para obter os seus fins. Tem um tremendo complexo de superioridade, é paciente, hipócrita, compraz-se em arranjar vítimas, na sua maioria mulheres, mas também adolescentes aos quais deseja impor a suprema humilhação... Sua concupiscência é notória. É um personagem típico da lubricidade do teatro oriental que pode parecer imoral para os ocidentais, mas que em nada afeta os indígenas.
Outro personagem importante: Cheitan, o gênio do mal e do vício, distribuidor de pancadas, sempre à procura de uma mulher para desencaminhá-la. Só se sente bem praticando o mal. Temos também Rustem, outro campeão de virilidade. É capaz de todas as proezas eróticas, mas ao contrário de Pendj tem um bom coração. Hassan-Ilodja ou Mehmet-Ilodja é professor, teólogo e prefeito da cidade. É o bode expiatório: roubado, expulso de casa, perde a mulher e a filha, mas sua filosofia o leva a suportar todas as desgraças. Zen, a mulher, pode interpretar vários papéis: mulher do professor ou sua filha, dançarina, prostituta. É o centro da ação dramática, em torno dela girando Pendj e Rustem. Eis os assuntos, naturalmente improvisados em torno de um tema central, referidos por A. Thalasso:
"Ketchek Pehlivan, amando a filha do teólogo, penetra na casa dele, cativa-o com suas belas maneiras, embriaga-o com haschich e rapta Zen. De outra vez ele se empenha em dar um herdeiro ao professor, a ponto de repudiar sua mulher, Zen, acusada de esterilidade. Ketchek sacrifica-se pela tranquilidade e felicidade do casal".
Sabe-se também de um teatro de marionetes de luva, conhecido sob o nome de Schah Selim, mais ou menos com o mesmo repertório.
Na Turquia encontramos o mais espantoso tipo de teatro de bonecos, ao qual já fizemos referência quando tratamos das versões poéticas sobre o nascimento desse tipo de espetáculos.