Karagós. Trapalhão, hipócrita, brutal, egoísta, libidinoso. Vive enganando os outros e distribuindo pancadas a torto e a direito. Mente descaradamente, não tem escrúpulos de qualquer espécie e sua sensualidade é espantosa. Esta é sua principal característica: a luxúria. Cansado e esgotado nesse terreno, ele procura sempre novas satisfações sexuais. É calvo, tem uma barriga enorme, uma corcunda e um órgão sexual monstruoso. Seu companheiro chama-se Hacivad, tipo astucioso: sabe de tudo, conhece tudo, vê tudo, já estudou tudo e experimentou todas as coisas. Critica todo mundo e conhece perfeitamente o coração do homem. Apesar disso, sempre termina apanhando, porque os serviços que tenta prestar a Karagós nem sempre dão certo.
O pai - Ali, Mestapha ou Mehmet - é um velho ridículo, apaixonado e enganado, paga tudo.
O capitão é uma figura curiosíssima. Toma os nomes de Zeibek, Reheri Mustapha ou Bachi-Bouzouk. É um blasfemador, boca grande e valentão, detestando Karagós e Hacivad. Aparece como justiceiro e reparador dos males causados pela dupla, mas termina sempre como vítima.
Temos ainda: o jovem apaixonado, o sultão, o banhista, os músicos, o persa, a dançarina, o tocador de tamborim, o bey, o francês ou cristão, o barbeiro, o polícia, a velha confidente, o tirano, a alcoviteira, toda uma humanidade representada em pele de búfalo recortada, tipo de espetáculo mais de acordo com o Alcorão que "proíbe toda representação humana no campo das três dimensões".
O curioso é que esse teatro onde entram todos os vícios, principalmente o da luxúria, Karagós apresentando-se com um atributo físico como o que já referimos, é dado para todas as classes de pessoas, inclusive crianças, todos comprazendo-se com as piadas cínicas e irreverentes. Decididamente a mentalidade oriental está muito distante da nossa. Ou a nossa da deles?
Uma dessas representações ao ar livre, à noite, somente para homens e crianças (as mulheres também podiam ver