"A Virgem está sentada com o Menino. Diante dela desfilam, atrás de um arauto de armas brandindo sua espada, os três reis magos e seus servidores. Os reis passam e voltam-se para a Virgem. Depois de saudá-la, continuam seu caminho, enquanto os servidores, por sua vez, passam simplesmente. Esta cena é anunciada pelo som das trombetas de dois arautos situados à direita e à esquerda do relógio. Por fim, um carrilhão toca um hino que termina depois que o cortejo sai".
Na Espanha, o mesmo fenômeno, com Cristos, Virgens e santos animados; e na Polônia representavam-se, pelo Natal, os acontecimentos do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo.
O Grande espetáculo do drama litúrgico medieval eram os mistérios. Saindo do interior do templo e despojando-se do caráter propriamente litúrgico, o drama projetou-se sobre as massas, sem perder (ao contrário, levando a religião ao povo por um meio fácil de aceitação) a sua finalidade de orientação cristã. Voltavam-se os poetas, certos de que a essência misteriosa ou mística deveria ser aceita sem discussão, para o lado humano do drama universal e seu resultado no plano cósmico. Usando as palavras de Paul Arnold(13) Nota do Autor. "Esta obra estabeleceu, consciente ou inconscientemente, dois princípios cardinais: a necessidade de uma psicologia precisa, objetiva e completa; a certeza da existência, da interferência do mundo subconsciente no ser, as quais, em suas relações com o nosso, podem ser definidas e representadas nesta margem mesma".
Com os mistérios atingimos a transformação do espetáculo em obra coletiva, pois o clero, os magistrados, os pobres, o povo colaboravam no espetáculo de fé. Já se disse que em nenhum outro momento da história do teatro o público esteve tão de acordo com as obras representadas, vinculado a elas pela fé. Na verdade, o drama que se representava ia direto ao coração do fiel, que o tinha aprendido, de início, no catecismo e que o tinha interpretado, no sermão. Torna-se imenso