Folclore Goiano

Em março de 38, no meu trabalho de dialetologia O Falar Mineiro, editado pelo Departamento de Cultura de São Paulo, pouco depois da revolução branca de 10 de novembro, eu afirmava que com o Estado Novo, encerrávamos o ciclo de vida semicolonial. O ciclo de dependência entravadora de nosso progresso. E efetivamente a nova política do café, as pesquisas reais do petróleo culminando no jacto vitorioso de Lobato, a solução honestamente procurada do importante problema da siderurgia nacional, a proteção à lavoura, o fomento geral da produção, são dados concretos de nosso reerguimento econômico, base de uma verdadeira independência política. Paralelo a este ressurgimento econômico-político, acentua-se um movimento cultural genuinamente nacional. O espírito de brasilidade, reaceso na derrocada econômica a que nos conduzira a situação de país complemento da economia de outros, afirmando-se pouco a pouco através de movimentos revolucionários, até se instalar no poder com o golpe de novembro, agita-se agora fortemente no terreno cultural, procurando criar uma expressão lidimamente brasileira. É verdade que este espírito já aflorara em 1922, na Semana de Arte Moderna. Representado então nos esforços de uma pequena elite de inteligências brilhantes e patriotas; e que, embora apaixonasse muitos, não conseguiu impor-se a todos.

Hoje, porém, o movimento cultural tem caráter oficial. É o governo, quem, através de Departamentos especiais, alimenta e incentiva a produção literária e artística de caráter nitidamente nacional, no esforço de cunhar a feição brasileira. Não faço pessimismo afirmando que nossas letras e atividades artísticas se ressentem em geral deste caráter próprio, desta fisionomia vossa. Até estrangeiros, nos advertem disto. Ainda há pouco, em mensagem dirigida aos escritores brasileiros, seus colegas franceses recomendavam:(*)Nota do Autor

"Não nos imiteis mais; sede apenas fraternais para conosco". E um jovem crítico francês, comentando Jubiabá de Jorge Amado, exaltava na Baía de Todos os Santos seu capítulo justamente mais nosso, mais brasileiro.

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