E declarava "se há algumas imperfeições do romance, essas são europeias, refletem atitudes aprendidas na técnica romanesca do velho mundo. No entanto - é ainda Roger Breuil quem fala - seria admirável que os brasileiros tivessem menos acanhamento em aparecer como são, em revelar as fontes autênticas de sua sensibilidade poética. Que nossos escritores devessem menos repetir ritmos e enredos gastos pela literatura europeia, do que, por exemplo, convidar os leitores de lá a ouvirem nos cais enluarados da Baía, uma toada triste vinda do mar".(*) Nota do Autor. Certo que temos livros, em cujas páginas se espelham os encantos de nossa natureza e ressoam os ruídos vários de nossas matas e as harmonias de nossos rios e cachoeiras, como as toadas de nossos campos e de nossas cidades. Esses, contudo, ainda são poucos em relação aos que repetem "os enredos gastos da literatura europeia". E onde buscar nossa originalidade? Nosso modo próprio de ser? As fontes autênticas de nossa sensibilidade estética? Somente nas milionárias minas da tradição popular. As mesmas em que garimparam grandes artistas da antiguidade, como Ésquilo, Sófocles, Homero; um Dante, na Idade Média; Shakespeare, Goethe, Byron, Rabelais, na moderna. Prometeu, a grandiosa tragédia que granjeou o gasto universal, não era originariamente senão um conto repetido junto às lareiras pelas velhas gregas. A Odisseia, A Divina Comédia, O Fausto, O Gargântua; entre nós, Iracema, de Alencar, Y Juca Pirama, de Gonçalves Dias, e em nossos dias, Macunaíma, de Mário de Andrade, este livro clássico de nosso renascimento, todos têm tecido seus enredos com os fios verdes da tradição.
Elas, nossas tradições, nos mostrarão, nós mesmos, e com isso teremos feito obras admiráveis e originais para os outros. Teófilo Braga já previra o esplendor desta nova literatura:
"A nacionalidade brasileira está neste período de transição; os vestígios tradicionais de seus elementos constitutivos acham-se em contato, penetram-se, confundem-se