João Maria: interpretação da Campanha do Contestado

a procedência e origem dos fios que tramaram a bandeira da luta, da qual se tem olhado apenas para a cruz que estampava e não para o tecido de que foi feita.

Exigiu a debelação da luta nada menos que cinco expedições militares, o sacrifício de milhares de vidas, gastos extraordinários do sempre depauperado erário público e quase três anos de sofrimentos e angústias, antes que as clarinadas de uma triste vitória ecoassem pela quebradas do Vale de Santa Maria, onde o último reduto, desesperadamente, resistiu até o esgotamento. Nisto sim, repetiu-se Canudos. Porque, se extrema foi a bravura dos soldados que se jogavam sobre os redutos sertanejos, enfrentando a morte a cada minuto, também é de ser relembrada a resistência do sertanejo pé no chão, mal alimentado e miserável, ignorante e sem conhecimento algum dos mais comezinhos preceitos da arte militar, inferior em número como em tudo, e que enfrentou com galhardia a luta que se lhe impôs.

O esgotamento condenou Santa Maria ao fogo que antes consumira o Arraial do Bom Jesus. Mas a resistência foi até o último cartucho.

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João Maria, o Monge, até hoje é um nome apontado à execração geral como causador da chacina do Contestado.

Foram as suas ideias, as suas doutrinas e profecias confusas, a sua ação maléfica e subvertedora, que causaram o derramamento de sangue, o luto e o desespero. Foi ele quem desviou o sertanejo da fé ortodoxa da Igreja e quem o levou à prática de ações cominadas no Código Penal. Foi o responsável pelo desencadeamento e pela manutenção de uma luta fratricida, animando com a sua memória,

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