dos seus feitos e das suas palavras, o espírito de rebeldia do matuto.
Entretanto, percorra-se o sertão catarinense e parte do paranaense; verifiquem-se as mesmas localidades que os mapas assinalam com duas espadas cruzadas, marcando os pontos de combate; percorram-se os mesmos caminhos que foram atravessados pelos sertanejos e pelos soldados; e inquira-se sobre João Maria.
E se ouvirá, talvez com surpresa, sobre o Santo - pois ele ainda é santo para o povo da região, o São João Maria. As palavras mais respeitadoras do seu pitoresco vocabulário o homem do sertão buscará para honrar-lhe a memória. E contará episódios da sua vida, da vida do peregrino inofensivo, que nunca desejou a luta, embora a tivesse previsto com uma clarividência de surpreender, do peregrino que pregava e praticava o bem e que se não era um rigoroso observante dos mandamentos da Igreja, praticava os de Deus. E ouvirá a confirmação do que dele disseram os religiosos da nossa fé católica que o encontraram e com ele conversaram: - não hostilizava a Igreja, não impedia que os seus amigos - chamemo-los assim - se acercassem do altar, não pregava o desrespeito aos sacerdotes, nem negava as verdades evangélicas. Tinha, é verdade, as suas ideias. Pregava penitências um tanto duras, algo exageradas e predizia fatos terríveis, apoiando-se em textos bíblicos, mal compreendidos ou mal interpretados. Era um profeta à antiga, sem a irrascibilidade de Elias e sem a eloquência de Isaias - quase um novo Ezequiel, do qual se aproximava pela obscuridade das profecias...
Não queria ajuntamentos, não permitia que o seguissem, não se dizia santo ou iluminado, antes um pecador e penitente, não pregava um novo credo nem buscava impô-lo - dizendo-se um peregrino no cumprimento