João Maria: interpretação da Campanha do Contestado

fechava, ao poente, os limites da região. Aí se fixaram e fixaram a gente que os acompanhou. E, quando a sede de aventuras, o serviço de El-Rei ou a cobiça de bens os impeliu para novas incursões, levaram para o sul os limites da conquista, nunca para dar-lhe profundidade maior.

A proximidade do mar foi-lhes sempre necessária. Para cambiar os produtos da terra amanhada, seus frutos e madeiras, para trocar o peixe apanhado e preparado, pelos produtos manufaturados de que careciam. O mar era a via aberta por onde circulava a riqueza, enquanto o sertão era o isolamento que exigia uma autossuficiência que não lhe era ainda possível possuir.

Acresce que todos os autores aceitam como característica deste movimento expansionista o da ação através de um plano previamente estabelecido. Manoel Lourenço, Dias Velho e Brito Peixoto, todos três, não partiram de Santos à aventura. Bem ao contrário, haviam todos um propósito e um destino certos e deliberados. O primeiro partiu para o Rio de São Francisco; o segundo, para a Ilha de Santa Catarina; e o terceiro, para o porto dos Patos, que era o da Laguna. Nas imediações desses pontos apenas escolheriam os que mais conviessem para a instalação dos povoados.

Laguna, pelas circunstâncias que entravaram a vida inicial da póvoa do Desterro, foi elevada à condição de Vila em 1714; Desterro só o seria doze anos mais tarde.

Já então não pertenciam as terras à complicadíssima sucessão de Pero Lopes. Tendo o Marquês de Cascais, que as possuía como herdeiro da donataria sobre a qual se levantara um pleito e se arrastara uma querela judicial das mais demoradas e complicadas - e que aqui não cabem em linha de conta - pretendido aliená-las a José Góis de Morais por 44 mil cruzados, adjudicou-as para si a Coroa que, assim, em 1711, se tornou proprietária das terras dantes pertencentes àquela sucessão.

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