veremos que a ausência, nesse manifesto, de qualquer referência ao regime que seria implantado horas mais tarde fora proposital, pois não era intenção nem do marechal nem de Benjamin Constant, autor do manifesto, impô-lo naquele momento ao País - mas deixar que este mesmo o adotasse, se quisesse, fosse por meio de um plebiscito, fosse por meio de uma Assembleia Constituinte. Foi só no dia seguinte, 16 de novembro, quando, antevendo-se um perigo nesse adiamento, com a constituição de um novo Gabinete monárquico, resolveu-se precipitar os acontecimentos e logo proclamar a República, o que foi feito por meio de um decreto do intitulado e na realidade ainda não existente Governo provisório; mas ainda assim "provisoriamente", isto é, até que a Nação o confirmasse por via de uma Assembleia Constituinte, como de fato se deu.
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Iniciada, como se disse, em 1940, e prosseguida no decorrer dos 22 anos seguintes, esta obra iria sofrer repetidas interrupções, em virtude dos múltiplos afazeres do autor nos diversos países por onde então andou; sem falar nas vezes em que esteve no Rio de Janeiro, no desempenho de cargos no Itamaraty. Assim que só lhe foi possível ocupar-se deste trabalho, de maneira continuada e sem interrupções, depois de abril de 1958, quando foi aposentado no serviço diplomático e se instalou nesta cidade, onde as condições de clima, de tranquilidade, de ordem e de estabilidade de vida favoreciam, melhor do que em qualquer outra parte, a elaboração de um trabalho desta natureza.
Por que se decidiu o autor a escrevê-lo? Já ficou dito acima: por lhe parecer que uma vez terminada a