Janeiro, apeado do poder o Gabinete presidido pelo visconde de Ouro Preto. Deposto o Ministério na manhã desse dia e não tendo o Imperador constituído um outro no correr desse mesmo dia, para recompor rapidamente a ordem constitucional destruída, o País ficou praticamente sem Governo, entregue a si mesmo, sem ninguém para o amparar ou defendê-lo. Foi quando três chefes republicanos - Quintino Bocaiuva, Aristides Lobo e Francisco Glicério - encabeçados pelo tenente-coronel Benjamin Constant se aproveitaram astuciosamente daquele caos para considerarem extinta a Monarquia e se constituírem, eles mesmos, em Governo republicano com a anuência, já se vê, embora a contragosto, do marechal Deodoro, que, tendo sido bem-sucedido na "quartelada" daquela manhã, se tornara, com a abstenção do Imperador, o senhor único da situação.
Que o País estava predisposto a aceitar o novo regime, apesar do modo inesperado com que ele lhe foi imposto, é um fato incontestável, do qual se teve a prova na facilidade com que ele foi instituído e na ausência de qualquer reação contra a nova ordem de coisas que se estabelecia, tanto de parte das Províncias como da capital do Império. Mas essa predisposição resultava menos de um desejo ou de uma aspiração de vê-lo implantado do que da indiferença pela sorte da Monarquia, de um desapego a ela, da descrença na sua manutenção por mais tempo no Brasil, sobretudo com a perspectiva da morte do Imperador, que todos esperavam não estivesse longe. Dada a circunstância de que a Monarquia estava encarnada na sua pessoa, a grande maioria da Nação não compreendia a possibilidade da sua sobrevivência uma vez ele desaparecido.
E muito menos com a falta de um ambiente que possibilitasse a inauguração de um 3.° Reinado - ou melhor, pela indisposição que havia em aceitá-lo, trabalhado