História do positivismo no Brasil

Foi em 1855, quando cursava o quinto ano ginasial, que o conheceu. "Ah! quanto me fez sofrer!" — escrevia, trinta e seis anos mais tarde, o Visconde, que, a partir daquela quadra, passou a avaliar quanto é longo um minuto quando temos os olhos pregados no ponteiro dos segundos...(4) Nota do Autor

Já em 1855 esse professor dizia-se republicano e disto se ufanava. Havia-se formado na École des Ponts et Chaussées de Paris, onde vivera mais de trinta anos e onde participara das barricadas de 1848. Referindo-se a Augusto Comte, comentava: "Ouvi, meu caro senhor, as lições do grande mestre e por ele fui distinguido".(5) Nota do Autor

Esse discípulo de Comte é designado pelo Visconde ora como o D, ora como o Machado.(6) Nota do Autor

Diante destas indicações, procurei averiguar se teria sido, de fato, aluno de Augusto Comte.

Sabendo ser um de seus nomes Machado, começando um outro pela letra D, meu primeiro cuidado foi o de indagar quais os brasileiros que, a partir de 1832 até 1840, figuraram entre os auditores livres dos cursos de Augusto Comte na Escola Politécnica de Paris. Através do Embaixador Paulo Carneiro, apurei haverem sido os seguintes, em ordem cronológica: em 1832, Henri Rose Guillon; de 1836 a 1837, José P. de Almeida; de 1837 a 1838, Patrício d'Almeida e Silva, Agostinho Roiz Cunha, Antônio de Campos Belos e Antônio Machado Dias; de 1838 a 1839 ainda foi aluno de Comte Agostinho Roiz Cunha, e, de 1839 a 1840, outro brasileiro, Pinho de Araújo.

Já aqui, por esta relação, se vê que um brasileiro, com o sobrenome Machado e outro começado por D, foi aluno de Augusto Comte de 1837 a 1838 — Antônio Machado Dias.

Restava, pois, apenas verificar se este último fora professor no Colégio Pedro II durante o período em que lá estudou o Visconde de Taunay. Recorrendo aos arquivos desse Colégio, encontrei no Livro de Assentamento dos Empregados do Colégio Pedro II — 1852 a 1856, fl. 20, a prova de haver sido nomeado seu professor de matemática Antônio Machado Dias, por Decreto de 29 de outubro de 1852, tendo tomado posse em 11 de dezembro do mesmo ano.

Não tinha razão, portanto, o Visconde de Taunay de duvidar houvesse sido o seu professor discípulo de Comte, porquanto do livro de matrícula da Escola Politécnica de Paris consta o seu nome como aluno de 1837 a 1838, exatamente quando aí lecionava o fundador do Positivismo.

Como frequentemente ocorre em ambientes de estudo e ensino é de crer que, ao trocar ideias com alunos e outros professores, haja Antônio Machado Dias aludido à obra de Augusto Comte, já que uma das suas ufanias, conforme atesta o Visconde, era proclamar-se seu discípulo.

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