ilusões, no dia em que o cepticismo matou-lhe algumas das crenças, o jornalista está morto; pode escrever um ou outro artigo, e se Deus o tiver dotado de algum talento, o seu artigo poderá ser bom, e merecer alguns minutos a atenção do leitor; achar porém a dedicação necessária para tudo sacrificar, todas as distrações, todos os prazeres, todo o seu tempo, e até a sua reputação, que lhe cumpre abandonar à calúnia, arrastando todos os ódios, rindo diante de todas as inimizades e em paga de tanto ter o prazer de prender-se a uma mesa longas horas da noite, e não de uma noite mas de todas as noites, isso não é possível senão quando a fé e o ardor da luta, tão exclusivo, dos anos da mocidade, animam, ou provocam, ou suprem o talento.
"Desde 1836 até 1854, com raras interrupções, fomos jornalistas: a túnica de Nesso teve tempo de sobejo para queimar-nos as carnes; tínhamos resolvido arrancá-la".
Mas não arrancou tal. Despiu-a apenas, para de novo, em 1859, voltar ao jornal, com a fundação d'O Constitucional, de efêmera duração, e depois com O Regenerador, que se publicou até 1861. Tinha este jornal a divisa "Fé em Deus. Fé nas instituições. Fé no futuro do Brasil".
Nesses dois periódicos, a pena de Justiniano explanou, com o mesmo brilho, assuntos que sempre versara nos jornais anteriores sob sua direção. Continuou as suas controvérsias com a imprensa liberal, escreveu artigos sobre a legislação da imprensa, defendeu uma nova organização da magistratura do país, sempre com elevação de linguagem, profundeza de ideias e originalidade de conceitos. Sente-se, no entanto, que já definhava, em desalento, a flama do grande publicista, cuja vida gloriosa começava a mergulhar no ocaso em que, em meio de desilusões e necessidades materiais, ia em pouco tempo extinguir-se.
Antes de fundar O Constitucional, pretendera Justiniano publicar novo jornal. Em 27 de janeiro de 1859, no Ministério presidido por Abaeté, escrevia uma carta a Nabuco de Araújo, Ministro da Justiça, na qual se propunha a fundar um jornal para defesa do governo. Seria, dizia ele, a continuação do