Convencido dessa aliança natural, fundada na comunhão de crenças, o rei de Portugal recomendava aos portugueses do Brasil que tratassem bem os capuchinhos franceses, uma vez que eram todos "vassalos do cristianismo".
A identificação foi tão grande, nesse longo período de lutas, que, mal terminava a guerra, Belchior Alves e D.ª Joana Bezerra fizeram doação de um terreno, situado no "areal que vai desta povoação de Santo Antônio para Cinco Pontas, correndo para a estrada que vai para Afogados". Eram quarenta braças de terreno, no qual iriam os capuchinhos construir um mosteiro e uma igreja, dedicados ao culto de Nossa Senhora da Penha. Ainda como resultado daquela comunhão na luta contra os holandeses, o rei de Portugal revogava, em 1652, a decisão de 1628 que proibia a presença de religiosos estrangeiros nas conquistas de Portugal. É ainda dessa época a exaltação do general Francisco Barreto aos serviços prestados pelos capuchinhos, ao proclamar:
"O zelo com que os capuchinhos franceses serviram a Sua Majestade, a caridade com que assistiram os hospitais, o desvelo e a prontidão com que se achavam presentes nos combates contra os inimigos, me obrigam a declarar que, em qualquer emergência, se mostraram solícitos e abrasados de um zelo particular, quer pela glória de Deus, quer pelo serviço de Sua Majestade, o que ainda mais luminosamente demonstraram pela restauração deste domínio, em que se distinguiram não somente como piedosos religiosos, mas também como heróis insignes."
Diante desses fatos, não é de admirar que, em 1671, chegasse ao Brasil, destinado ao trabalho missionário, frei Martinho de Nantes, atraído pelo exemplo de seus companheiros de ordem religiosa. Vem para Pernambuco, onde já existia o convento de sua ordem, provavelmente o segundo do Brasil, depois do que havia sido fundado em São Luís, no Maranhão, já abandonado depois da derrota da expedição de La Ravardière. O convento do Rio de Janeiro surgiria mais ou menos na mesma ocasião. O da Bahia iria esperar a iniciativa desse mesmo capuchinho, que havia ido para Pernambuco.
A Relação de frei Martinho de Nantes é mais sucinta que a dos capuchinhos que foram para Maranhão, frei Ivo d'Evreux ou Claude d'Abbeville, mas é de grande valor, tanto pela inteligência na orientação de seu trabalho de catequese como na documentação, que permite seja acompanhado o drama da conquista e do povoamento do território brasileiro. As lutas imensas, travadas com a Casa da Torre, no auge de sua influência, constituem