Na patente do posto de capitão-mor da jornada às aldeias de Natuba, provida em Domingos Rodrigues de Carvalho, há referências que se ajustam ao relato de frei Martinho. Domingos Rodrigues de Carvalho fora sargento-mor na entrada do sertão do rio Pajeú, em fevereiro de 1675, levando duas companhias e 130 índios domesticados, com os quais impediu aos "guesguais" ou gurgueias, que "com outros bárbaros vinham fazer o mesmo dano, pôde cont. (sic), matando-lhe 20 arcos e aprisionando-lhes dez, por cuja causa se retiraram, e ficaram os ditos moradores em suas fazendas seguros; e, ultimamente, na era de 1676, que teve, com os mesmos bárbaros, no dito rio do Salitre, vindo eles, com grande poder, a fazer nova destruição pelos currais, moradores e escravos daqueles distritos, donde, com duas companhias de ordenança e 50 índios, dos 400 com que havia marchado, e se lhe opor, por ordem do Coronel Francisco Dias de Ávila, lhe matou 50 arcos, e passando elas à outra banda do rio de S. Francisco, para a parte do norte, em suas canoas, e alguns dos moradores que haviam tomado, os seguira com 60 armas de fogo e 300 arcos, e matando-lhes grande número de gente, lhe aprisionou 600, entre homens, mulheres e meninos, e, conduzindo-os à pousada, se pretendeu levantar-se à traição por muitas vezes e para evitar o perigo iminente em que estava com 200 bárbaros, com o que ficou não só segurado a nossa gente, mas dando maior terror a todas as nações inimigas". (Documentos históricos, vol. XIII, p. 18-19.)
O relato de frei Martinho esclarece outros pormenores dessa luta. Conta que a travessia do rio pelos índios fora a nado, e não em canoas, o que é mais aceitável, dado o grande número dos combatentes. Recorda que, na precipitação da fuga, os índios perderam as flechas conduzidas nos carcases, as quais, em número aproximado de dez mil, no cálculo de frei Martinho, foram arrastadas pela correnteza do rio. Estavam praticamente desarmados, com a perda de sua flechas. Não tiveram outro recurso a não ser entrar pelo mato, para escapar aos tiros dos perseguidores. Daí alcançaram "um certo pequeno lago, a seis ou sete jornadas desse lugar", que poderia coincidir com o lago de Pernaguá. Os portugueses, já repousados e refeitos da áspera luta dos últimos dias, saíram em sua perseguição. Atravessaram o S. Francisco em pequenas canoas e os índios que iam com eles atravessaram a nado, indo buscar o adversário junto daquele pequeno lago ou brejo, no interior das terras. Descreve-os frei Martinho como "quase sem armas e meio mortos de fome". Renderam-se à discrição, sob condição de que lhes poupassem a vida. Mas os portugueses, "depois de lhes tomarem as armas que lhes restavam, os amarraram,