Relação de uma missão no Rio São Francisco

A Jesus Cristo, o Redentor do Mundo

Adorável Salvador, prosternado aos pés de Vossa Divina Majestade, com os sentimentos de mais profunda humildade e do mais terno reconhecimento, ofereço-Vos esta pequena obra e a coloco aos pés da Vossa cruz, confessando que a simples narrativa que faço das manifestações amorosas da Vossa graça, a respeito desses pobres selvagens, a cuja conversão Vos aprouve chamar-me, conquanto indigno da missão, é o fruto do sangue que derramastes para a salvação de todos os homens. Meu justo desgosto é o não haver contribuído, de minha parte, com todo o empenho que devia, para secundar os desígnios amorosos de Vossa misericórdia por esses pobres miseráveis, e não haver obtido colheita mais abundante para Vos apresentar; ofereço-Vos, ao menos, o pouco que eu fiz, com o socorro de Vossa graça e com o coração reconhecido, e com a sincera confissão de que todo o bem que alcancei nesta missão decerto Vos pertence, e, ao contrário, tudo o que se puder encontrar de imperfeito é o resultado de minha fraqueza e de minha precária virtude. Suplico-Vos, assim, muito humildemente, ó meu divino Redentor!, pelo amor que nos tendes e pelo zelo ardente que Vos infundiu o desejo da salvação de nossas almas, inspirar eficazmente a todos que sabeis capazes dessa tarefa, tão importante para a Vossa glória, a fim de que se sacrifiquem de boa vontade no exercício dessa missão, tanto mais agradável aos Vossos olhos e vantajosa aos que nela se empenharem, quando esses pobres índios estão dispostos a receber a fé e a tornarem-se bons cristãos, se todos se aplicam, como é necessário, ao trabalho de sua conversão. Desejo, também, que todos os leitores desta pequena Relação juntem às minhas as suas orações, para obter de Vossa misericórdia o que eu estou implorando para a salvação desses pobres índios.

Amém.

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