Eça e o Brasil

de retoques ou de uma ou outra complementação, através do aproveitamento das observações e notas lançadas em papéis selecionados por pastas, em correspondência às divisões do livro. Cumpria-me o cuidado de nada aduzir de meu ao trabalho do escritor, fora dessa função de lhe coordenar o texto e interpretar as intenções, nas passagens não completas, como redação. Conhecendo de perto o feitio de Faro, tinha eu de ser escrupuloso, ao lidar com obra sua, mantendo fidelidade a seu sistema de trabalho e a suas exigências intelectuais. Fiz o que esteve em meus recursos para não fugir a esse critério.

Sobre fatos relacionados com a vida de Arnaldo Faro, no terreno dos planos que traçara para sua atividade literária, acrescento um depoimento: o estudo do Rio de Janeiro - certamente essencial para o preparo deste livro - despertara-lhe, com a continuação, segundo me declarou, especial interesse em si mesmo, sobretudo no que diz respeito ao desenvolvimento da cidade, seus usos e costumes através dos tempos, a maneira de ser de sua gente e aspectos da terra. Acredito que esse novo cuidado do autor acabaria por levá-lo a reunir em sua biblioteca uma completa coleção de livros especializados sobre o assunto - como ocorrera relativamente a Eça de Queirós - e, daí, à realização de obra de investigação histórica sobre o Rio de Janeiro, vazada naquele mesmo espírito de justeza monográfica que se patenteia neste Eça e o Brasil. Falhou o plano, mas o livro sobre Eça ficou, para testemunhar, por si só, a excelência do escritor, no gênero que escolheu para primeira aplicação, em obra impressa, de sua irresistível vocação literária.

MIÉCIO TÁTI

Eça e o Brasil - Página 13 - Thumb Visualização
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