O avô ouvidor do Rio de Janeiro
Desde os primeiros momentos da vida de Eça de Queirós, o Brasil está presente. A mulher que o recolhe, logo que nasce, que o leva à pia batismal, que lhe serve de madrinha e de ama, e em cuja casa ele vive durante algum tempo, é uma brasileira: - Ana Joaquina Leal de Barros.
Aquela presença fora mesmo anterior, pois também o pai de Eça de Queirós nasceu no Brasil e aqui o avô exerceu a magistratura.
Eça teve um extraordinário avô. Se a vida do romancista, como ele próprio diria, foi tão sem história quanto a república de Andorra, a do avô teve a densa e atribulada história de um país dos Bálcãs.
A sentença que o condenou à morte - porque nem tal requinte faltou àquela vida aventurosa - adjetivou-o com exatidão: - façanhoso.
Esse avô lendário - Joaquim José de Queirós - nasceu em 9 de janeiro de 1774, no lugar de Quintas, a uma légua de Aveiro. De boa linhagem, mas sem fortuna, admite-se que seu curso jurídico tenha sido custeado por um Barreto, rico fidalgo de Aveiro, de cujo filho, José, foi contemporâneo em Coimbra.
Revelou-se bom estudante. Matriculando-se na Universidade em 1799, tirou carta de bacharel em 1804, com aprovação nemine discrepante em todos os anos, e conseguiu ser, nos dois últimos, um "premiado". O prêmio era em dinheiro, quarenta mil-réis.
Ingressa na magistratura, serve em várias comarcas. Em Mangualde conhece Teodora Joaquina, com quem passa a viver e mais tarde vem a casar, e que será a mãe de seus seis filhos,