em Aveiro; nem por ai andava, àquela época, o nosso juiz. O atestado era falso; e falsos os dados que contém. José Maria de Almeida - a despeito da certidão de Coimbra - era mesmo do Rio de Janeiro."(1) Nota do Autor
E era. Não bastasse o auto de flagrante mentira lavrado por Calmon; não bastasse, ainda, a retratação do próprio José Maria de Almeida Teixeira de Queirós, que ao se casar, em 1849, se declarou "nascido na cidade do Rio de Janeiro, do Brasil"(2) Nota do Autor, e aí estaria agora, para fixá-lo definitivamente como carioca, o termo do seu batismo no Rio de Janeiro, localizado no curso das pesquisas para a elaboração deste livro.
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É notório ter sido o Rio, desde os primeiros tempos, uma cidade barulhenta. O pretexto favorito, para o barulho antigo, era a religião. Os instrumentos que usou, de preferência, foram os foguetes e os sinos. No Rio colonial, enquanto arrobas e arrobas de cera ardiam nos altares das igrejas e nas tochas das procissões, fogos de artifício, importado da China, riscavam o céu, e os sinos, sem descanso, atroavam os ares. Tocavam ainda, alvissareiros, quando o Sr. bispo saía em visitação; a rebate, pressurosos, quando irrompia um incêndio; comovidos, quando dois destinos se uniam; festivos, nos nascimentos e batismos; compungidos, tangiam a finados.
Nem sempre a alegria ou a tristeza dos sinos estava de acordo com a importância de quem nascia ou morrera. Às vezes o exagero, no dobre ou no repique, era apenas o resultado da espórtula mais larga com que um parente generoso aquinhoara o sineiro.
O hábito colonial prosseguiu no período breve do Brasil-Reino, estendeu-se ao Império. Do barulho dos sinos queixaram-se sempre os estrangeiros que por aqui andaram, como George Stanton em 1792; Boescher, no tempo de Pedro I; e, no começo