Eça e o Brasil

Marcelino Prospero de Queiros e sua mulher Donna Joanna Leonor de Almeida da freguesia de Cyxo, Bispado de Aveiro. Foi padrinho Antonio José Mesquita e protetora Nossa Senhora, do que fis este assento.

O Coad. José da Silva Alvarenga."

Corrija-se logo para "Eixo" o nome da localidade que o copista decifrou como "Cyxo", e aí temos como foi lavrado, há quase cento e cinquenta anos, e é agora reproduzido pela primeira vez, o termo de batismo do pai de Eça de Queirós.

São muitas as considerações a que dá margem esse termo de batismo, referindo-se a primeira à data do nascimento. Não obstante a ela não haver menção no termo, cremos que deva ter sido a de 19 de julho. Vale dizer, as declarações do Dr. Teixeira de Queirós, ao se matricular na Universidade de Coimbra, seriam inexatas quanto ao local, mas verdadeiras relativamente ao dia, mês e ano em que ocorrera o nascimento.

O raciocínio que leva a essa conclusão é simples. Se a falsa certidão de batismo, em Portugal, correspondesse a assentamento também falso, enxertado no livro de registro, uma vez que os assentamentos obedecem à ordem cronológica, a data poderia ter tido que ser alterada, para a que mais conviesse ao enxerto. Nenhum assentamento tendo sido feito, como Calmon verificou, não havia porque consignar, na certidão, para o nascimento, data diversa daquela em que o mesmo tivesse ocorrido. Ainda quanto ao dia e mês se admitiria alteração, com o objetivo, por exemplo, de aumentar a idade, se inferior à exigida para o ingresso no curso superior. Mas, no caso concreto, vê-se que quanto ao ano não houve divergência: o mencionado em Portugal coincide com o registrado no Brasil.

Ora, o dia e mês do nascimento ninguém os altera, salvo com razão muito especial, que no caso inexistia. O ano pode ser esquecido, pode ser confundido mesmo de boa-fé. Mas o dia e mês não, porque eles é que de fato representam o aniversário; a festa, a comemoração, ou simplesmente a lembrança, todos os anos renovada. O mês referido em Portugal, para nascimento e batizado, foi aquele em que realmente o batizado se realizou: julho. O dia que indicou para o batismo - 29 de julho (em geral ninguém sabe, ou se lembra, quando foi batizado) - apenas se distanciou dois dias da data real do batizado - 31 de julho. Assim, coincidindo

Eça e o Brasil - Página 53 - Thumb Visualização
Formato
Texto