como o rei e mais alguns, tentavam imprimir às relações com o Rio, a fim de limitar, tanto quanto possível, os danos. Agarrava-se à mais estrita interpretação legalista e recusava-se a qualquer atitude de conciliação. Esse era o seu conceito de fidelidade, e, por bem praticá-lo, só prejudicou afinal os interesses do Brasil e, mais ainda, os de Portugal.(9) Nota do Autor Apoiado em contingentes militares metropolitanos, solidamente entrincheirado na inexpugnável linha de fortificações de Salvador, foi aos poucos desarmando as tropas nativas, neutralizando a autoridade da Junta, poder civil só em nome, e daí passou à mais severa repressão de toda e qualquer tendência, para acompanhar a evolução que se processava no Rio e dali irradiava para todo o Brasil. Em 1821, portugueses e brasileiros da Bahia surgiram unidos para impor a aclamação do sistema constitucional. Mas foi um breve instante. Logo começaram a se delinear as mais díspares orientações. Num extremo, o grupo avesso a qualquer forma de independência e até, pelo contrário, defensor do regresso do Brasil à situação de colônia. Seguia-se o grupo moderado, que incluía portugueses e baianos, inclinados a fórmulas de conciliação um tanto difusas, mas próximas de uma independência mitigada ou gradual, se possível sob a forma de federação com Portugal. Para além dessa posição, havia ainda que distinguir entre os baianos partidários de uma independência monárquica e o grupo mais à esquerda, em que se incluía o jornalista Cipriano Barata, que visava à instauração de uma república, quer para satisfazer novas concepções políticas em voga, quer para garantir a total separação de Portugal.
Com exceção do grupo português, contra todos se virou a sanha do governador de armas. Todos eram suspeitos e, sem nuanças, confundidos e classificados no epíteto simplista de traidores, desde que discordassem da posição dos "praístas". As perseguições e retaliações foram aumentando à medida que a situação se tornava mais clara no resto do Brasil. Os filhos da Bahia eram insultados e espezinhados e, assim, se iniciou um certo êxodo para o interior, que terá principiado pelas famílias dos senhores de engenho, mas que se foi generalizando, culminando, em junho de 1822, com o levantamento, primeiro do Recôncavo - o esplêndido eldorado açucareiro que contorna a baía de Salvador -, depois de toda a província, e que se traduziu na aclamação do príncipe D. Pedro. Durante um ano, Madeira viveu inexpugnável em Salvador, mas cercado, reduzido às comunicações marítimas, sem forças