antigas medidas. A história demográfica, a história social, a história política, a história das mentalidades, a história quantitativa e serial, enfim a história total, são exemplos concretos das preocupações metodológicas que têm dominado a historiografia nos últimos 30 ou 40 anos. Assim, o progresso rápido do conhecimento histórico tornou-se para o nosso sistema de civilização, ameaçado, uma questão de vida e morte.
Existem entre as ciências sociais dois ramos muito importantes que estudam a vida social em toda a sua complexidade, no seu conjunto e em todas as suas manifestações. Estas ciências constituem, de um lado, a história, e de outro, a sociologia.
O neo-historicismo não reconhece à história outra possibilidade que não seja desvendar a intriga, a história do conhecimento específico e do particular. Mas essa construção apressada não nos deve desviar da procura da objetividade histórica e de uma crítica rigorosa.
Esta é a visão que temos da história e é dentro deste contexto metodológico que desenvolvemos as pesquisas de que resultou o presente trabalho. Não se trata de um trabalho completo, acabado, definitivo. Mesmo porque em história, nas ciências humanas em geral, existe uma constante renovação, e todo trabalho poderá ser refeito, enriquecido ou ter outro enfoque metodológico.
Uma coisa é certa: com o presente estudo estamos acrescentando historiografia regional do Rio Grande e brasileira uma contribuição nova não só no que diz respeito ao enfoque metodológico como também quanto ao conteúdo. O que fizemos foi uma tentativa honesta de interpretar o processo de integração do Rio Grande do Sul à economia atlântica.
A integração do Rio Grande ao mundo lusitano coincidiu com a chamada expansão geográfica do Brasil. Essa empresa da expansão luso-brasileira não se processou ao acaso, mas com base numa unidade geográfica, econômica e cultural que já antes do descobrimento vinha sendo vivida pela experiência tupi-guarani e que compreendia todo o espaço entre o Amazonas e o Prata. Esse fato, inclusive, é assinalado por Jaime Cortesâo em A fundação de São Paulo, capital geográfica do Brasil. A incorporação do Rio Grande foi, portanto, um grande esforço de afirmação do mundo luso-brasileiro perante um outro totalmente adverso, o hispano-americano, ambos expandindo-se agressivamente sobre a mesma área.
Para a compreensão desse esforço de integração se procurou explicar neste trabalho o povoamento, as atividades econômicas, a demografia, a ocupação da terra (a propriedade fundiária), enfim vários aspectos da política ultramarina e pombalina em relação ao Rio Grande do Sul.
Alguns aspectos, entretanto, ainda continuam a merecer estudos especiais, tais como a ocupação militar, especialmente nos seus aspectos