Economia e sociedade do Rio Grande do Sul: século XVIII

1.2. A COLONIZAÇÃO AÇORIANA

A colonização do Rio Grande do Sul começou quase dois séculos mais tarde em relação ao nordeste açucareiro. Isto por uma razão muito simples: colonizar significava integrar a Colônia na economia europeia. Em outras palavras, a Colônia devia tornar-se patrimônio exclusivo da Metrópole colonizadora. Devia existir e produzir em função das necessidades metropolitanas. Devia tornar-se mercado consumidor de produtos ou gêneros europeus e produzir os que a Metrópole precisasse para o seu próprio sustento ou para exportar para outras nações europeias.

No Brasil, não havia, quando os portugueses aqui chegaram, mercado consumidor e muito menos algo mercantilizável que os nativos pudessem oferecer. Para integrá-lo na economia europeia, era preciso criar necessidades para que houvesse também um mercado de consumo ao lado do mercado fornecedor de algum produto tropical de que a Europa precisava. A colonização seria uma empresa comercial; por isso a mercadoria a ser produzida devia ter grande aceitação e amplas possibilidades de expansão de mercados, para poder compensar os investimentos a médio e a longo prazos. Foi por isto que escolheram o açúcar. Para ele havia possibilidades de expansão e era uma atividade à qual os portugueses já estavam acostumados, pois a desenvolviam nas ilhas do Atlântico. A produção era para exportação e por isto mesmo devia estar próxima do litoral, uma vez que o oceano era a única via de transporte. O nordeste e leste brasileiros ficavam muito mais perto da Metrópole. E exatamente por isto que, embora conhecendo o território do atual Estado do Rio Grande do Sul desde a expedição de Martim Afonso, os portugueses o ignoraram durante quase dois séculos. Em todo esse espaço de tempo, o território permaneceu como terra de ninguém, entre os domínios de Espanha e Portugal.

É curioso observar que a expansão territorial das duas Coroas ibéricas convergia para o centro do Continente. O avanço espanhol fazia-se na direção do Pacífico para o Atlântico e o português do Atlântico para o Pacífico, o que significa dizer que ainda haveriam de se encontrar. De fato encontraram-se, e o encontro não foi amistoso. E, o que é mais interessante, o encontro se deu no território do atual Rio Grande do Sul. A conquista e povoamento do território se inserem no contexto das lutas provocadas pelo encontro luso-espanhol. Daí o processo de colonização

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