Economia e sociedade do Rio Grande do Sul: século XVIII

e povoamento do Rio Grande se revestir de características próprias. Inteiramente diferente do que ocorreu noutras áreas da América Portuguesa.

Os portugueses passaram a dar considerável importância à região a partir da descoberta do ouro de Paranaguá, Jaraguá e dos planaltos centrais de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Então, passaram a suspeitar da existência de minérios naquela direção. Chegou-se mesmo a suspeitar da existência de prata no território gaúcho. Depois, com a valorização do muar e do gado para o abastecimento das áreas de mineração, o Rio Grande poderia funcionar como economia dependente.

Para conquistar e assegurar a posse por meio do povoamento, os avanços verificados a partir da segunda metade do século XVII e primeiro quartel do século XVIII foram pouco significativos. Imensa área geográfica entre a capitania de São Paulo e a Colônia do Sacramento permanecia como um verdadeiro deserto demográfico.

O governo metropolitano, decidido a ocupar efetivamente a área, agiu com muita sabedoria. Enquanto o Rio Grande constituía um vazio demográfico, as ilhas da Madeira, Cabo Verde e Açores já estavam superpovoadas. Os habitantes dos Açores, especialmente, já haviam feito representações pelas quais pediam ao Rei a graça de serem transportados para a América Portuguesa. Juntaram-se, então, os dois fatores, a necessidade de povoar o Rio Grande com a de reduzir a densidade demográfica das Ilhas. Diante dessa dupla necessidade, a Coroa tomou a sábia decisão de promover o transporte de casais das Ilhas para o Brasil com o claro objetivo de conduzi-los para o sul da Colônia.

Foi assim que em 31 de agosto de 1746 foi publicado nas Ilhas um edital abrindo inscrições para os casais que desejassem partir para o Brasil.(1) Nota do Autor Por esse documento, o Rei prometia uma série de privilégios e regalias aos que quisessem transferir-se para a América. Entre esses privilégios, incluía-se o transporte por conta da Fazenda Real, isto é, das Ilhas até o seu lugar de destino. Para a transferência, porém, os homens no deviam ter mais de 40 anos de idade e as mulheres 30.

Logo que desembarcassem no Brasil, as mulheres que tivessem idade superior a 12 anos e inferior a 20, casadas ou solteiras, receberiam cada uma dois mil e quatrocentos réis de ajuda de custo. Os casais receberiam um mil-réis por filho. Os artífices receberiam sete mil e duzentos réis de ajuda. Além do mais, quando chegavam ao sítio para eles destinado, cada qual devia receber "uma espingarda, duas enxadas, um machado, uma enxó, um martelo, um facão, duas facas, duas tesouras, duas verrumas, uma serra com uma lima e travadora, dois alqueires de sementes, duas vacas e uma égua". Também, enquanto preparavam as suas roças e esperavam as primeiras colheitas, eram sustentados pela Fazenda Real. Por isto, no primeiro

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