não quer dizer que não tenham vindo velhos e doentes inúteis; também vieram, mas em número insignificante, uma vez que as Ilhas possuíam, em termos demográficos, uma população jovem. Esse fato é comprovado pelos dados apresentados por Virginia Rau, referentes à Ilha da Madeira. Compulsando os livros de inscrição, chegou-se à conclusão de que, dentre 1.348 pessoas adultas inscritas, havia 731 homens, dos quais 490 tinham idade inferior a 28 anos. Havia igualmente 617 mulheres, entre as quais 406 não tinham 28 anos. Outro fato assinalado para comprovar a existência de bastantes casais jovens é o de os acompanharem 438 crianças com menos de nove anos de idade.(20) Nota do Autor
Estabelecendo-se primeiramente nos campos de Viamão, a colonização açoriana procura uma direção contrária ao oceano, dirige-se para os lados do Jacuí e firma-se nas margens do Guaíba como ponto de partida.(21) Nota do Autor Estabelecera-se aí porque seguiu a direção em que vieram os pioneiros de São Paulo e de outros pontos do Brasil. E por isso que as primeiras povoações foram Viamão, Vacaria, Santo Antônio da Patrulha, e na estrada que margeava o litoral, palmilhada pelos negociantes de muares e gado, Mostardas e Estreito. Avançando para o interior, a fronteira portuguesa passa a ser garantida por uma guarnição sediada em Santa Maria. O centro do território adquire maior superioridade sobre o litoral a partir do momento em que a estrada de São Paulo, desviando-se do rumo de Lajes e Vacaria, procura o centro-oeste do Rio Grande do Sul.(22) Nota do Autor Fato semelhante ocorrera no Piauí em que também o gado teve grande importância na conquista do interior. Como no Rio Grande, lá também o interior foi mais importante que o litoral. O contrário aconteceu nas áreas cuja atividade inicial foi a indústria açucareira e tabaqueira. (É curioso observar que a colonização alemã introduzida no Rio Grande do Sul no começo do século passado tivesse seguido a mesma direção dos açorianos. É como se houvesse um verdadeiro determinismo geográfico.)
O período decisivo para o povoamento e conquista definitiva do território do atual Estado do Rio Grande do Sul foi o dos governos do brigadeiro Marcelino de Figueiredo (1769-1780) e do brigadeiro Sebastião da Veiga Cabral e Câmara (1780-1801). Quando o primeiro foi nomeado, em 1769, no Rio Grande havia apenas oito freguesias ou paróquias, e durante sua administração foram criadas mais sete, passando então para quinze o número das freguesias. Data do início do seu governo o estabelecimento dos açorianos que há 20 anos viviam abandonados â sua própria sorte, sem que o governo lhes desse as terras e os auxílios prometidos. A única povoação de açorianos organizada antes do seu governo foi a de Taquari.(23) Nota do Autor Durante sua administração muitas povoações foram organizadas. Por isso, no final do governo, pôde declarar ter fundado por ordem superior