Nossos oleiros trabalhavam em outros vasos menores, como atestam as peças tapajônicas da região santarensense, do baixo Amazonas. Os vasos servidos por cariátides, de conchas superpostas e colunas em forma de figuras antropomorfas; os vasos com figuras zoomorfas, tanto os de concha ou bandeja, como os de bojo e gargalo, exibem desenhos geométricos de fina e rigorosa aplicação harmônica.
Outros vasos tinham utilidade receptora de enfeites em hastes. Ao contrário dos vasos domésticos atuais, não eram apropriados às flores, pela pequenez dos orifícios, mas a plumas.
Já os vasos do rio Trombetas tinham outras características de apresentação, pelo acúmulo de ondulações e orifícios não estreitos e que lembram formas barrocas. Nesses recipientes de argila eram exibidas, também, figuras antropo-zoomorfas, de significação não suficientemente identificável.
Alguns vasos talvez servissem de modelo, enquanto outros se apresentavam à mercê da imaginação do oleiro ou oleira, como, por exemplo, duas cabeças num só corpo (uma de animal e outra de gente) ou corpo antropomorfo e cabeça zoomorfa ou vice-versa.
Os pequenos vasos teriam sido feitos para servir de brinquedos infantis.
Sobre as figuras antropo-zoomorfas, diz Frederico Barata: "Parece isso indicar que havia uma conveniência ou imperativo, de significação totemista ou místicas para que permanecesse a representação primitiva ou antropo-zoomorfa".(18) Nota do Autor
Pondo de lado a fabricação de urnas e vasos de enfeite, brinquedo ou de representação mágica, os oleiros se dedicavam à fabricação de potes, bandejas para beijus, fornos, alguidares, panelas, apitos, produção reservada às mulheres.
Era toda uma atividade a desbordar para um estágio superior de cultura, sabido que o patamar econômico desenvolvido pela olaria já representa um degrau que foge ao estado da selvageria e se avizinha da barbárie (que é o caminho natural, entre as etapas inferiores e superiores, para chegar à civilização).
Mas a argila não fornece apenas modelos para recipientes. Fornece, igualmente, o ocre, que é aproveitado nas pinturas e, conforme o teor de óxido de ferro e o de manganês, toma a cor amarela (mais comum nas pinturas de casa); quando o óxido de ferro se mistura ao do alumínio e a massa é hidratada, a coloração tende para o vermelho, de vez que os óxidos que formam o ocre amarelo são anídricos (não contêm água). O ocre é largamente usado na pintura de casas, pela sua facilidade de aquisição.