Um terceiro argumento é levantado pelo referido sábio: as lombrigas provocariam deturpação do apetite.
As mulheres também se dedicavam ao vício. O casal Agassiz o registra:
"Encontrei numa dessas cabanas algumas índias que pareciam estar muito doentes, e soube que aí estavam havia já dois meses presas de febre intermitente [...] Na opinião do major Coutinho, a triste condição dessas pobres mulheres provinha sem dúvida do hábito, comum entre os de sua raça, de comer barro e terra. As infelizes não sabem resistir a esse apetite doentio".(13) Nota do Autor
Karl von den Steinen afirma que os Bakairi (Xingu) lhe haviam dito: "[...] nossos avós não conheciam o milho, nem a mandioca, comiam terra".(14) Nota do Autor
Sendo o matapi, como alguns outros, um peixe geófago, os animais terrícolas também exercitam essa atividade, como o jabuti e o mutum. Conforme cita Huxley, havia uma índia kaapor que era chamada Saracacá (cágado) porque, em criança, comia terra. Para tirar-lhe o vício, o chefe tribal urinou-lhe na boca.(15) Nota do Autor
Eis os fatos que remanescem nas tradições: "Tomam, ainda [os Bororo], água misturada com terra branca, chamada Noakuru" .(16) Nota do Autor Ou ainda: "Os Bakairi (índios do alto Xingu) eram os únicos que buscavam boa água para beber; os Nahuquá e, sobretudo, os Mehinaku e os Aueto bebiam de charcos barrentos e lodosos e de canais de água parada".(17) Nota do Autor
Segundo o padre João Daniel, usavam os naturais a banha de jacaré para aliviar, com o vômito consequente, o empanturramento produzido pela ingestão demasiada de argila".(18) Nota do Autor
O fabulário amazônico retrata alegoricamente o fenômeno da geofagia. Já nos referimos àquele Acotipuru (caxinguelê) que se apaixonou pela mulher faminta, na lenda kaxinauá. Todos só comiam terra. Com suas artes feiticeiras, o Acotipuru fez medrar, nas roças ressecadas, plantas comestíveis: banana, batata, feijão, cará, mandobi. Perseguido, fez voltar a secura nas roças e os homens recomeçaram a comer terra".(19) Nota do Autor