da maior parte de suas explicações para os fenômenos materiais que vem apresentando ao leitor sem sistematização segura.
Convém observar, em primeiro lugar, a confiança do nosso Matias Aires, por todo o longo caminho do Problema de Arquitetura Civil, no valor da experiência que era a máxima preocupação do mundo científico contemporâneo e que o leva a dizer e a repetir que só aí era possível procurar a verdade: "porque a física instruída dispensa tudo que não tem na experiência um fundamento certo" (Problema, I, p. 63). Em seu entender e pelas conclusões a que chegara, pelo estudo e pela experimentação, não mais faziam leis as palavras dos mestres proclamados: "porque nas matérias físicas não se considera a autoridade dos antigos ou modernos; e só se atende para a autoridade da experiência; esta é que decide o ponto, e não os que trataram dele; tudo, o que não consta por uma experiência constante, e reiterada, é o mesmo que não ser, ou não constar por modo algum" (Problema, I, p. 86). A física, que entrava então no caminho largo da verificação e da medida, é considerada por Matias Aires como a chave dos conhecimentos científicos e não esconde, a todo instante, o seu entusiasmo pelos seus métodos e seus progressos: "que admirável arte, que com mais justo título tem por intuito o conhecer os efeitos pelas suas causas, e as causas pelos seus efeitos, e em que só a experiência tem voto decisivo, e em que as regras, e preceitos não vêm de humana ou positiva intuição, mas de uma ordem permanente, e indefectivel. Nela não têm os sistemas autoridade alguma, e os silogismos não concluem quando a prova não consiste em fato visível". (Problema, I, p. 178).
Matias Aires não se contentava, e aqui está um dos aspectos mais surpreendentes da sua vida, em acompanhar, pela leitura e pela observação, o desenvolvimento das ciências naturais.
Tornou-se, ele próprio, um experimentador e inclui, ao Problema de Arquitetura Civil, uma série de verificações, experimentos, como chama, por ele realizadas para demonstrar este ou aquele princípio de física e de química e mesmo para procurar estabelecer relações e conhecer a natureza de determinados fenômenos. Fora instruído nesses trabalhos pelo expertíssimo Grosse, seu mestre nos experimentos físicos e químicos a quem rende todas as homenagens pela iniciação naquela admirável arte. Em repetidos passos, encontramos indicações mais ou menos preciosas, acerca das experiências por ele realizadas,