Dois paulistas insignes: José Ramos da Silva e Matias Ramos da Silva Eça (Contribuição para o estudo crítico da sua obra, 1705-1763)

principalmente no que se referia à verificação das propriedades dos metais, à análise dos minerais e muitas outras questões da mesma natureza. O seu espírito de investigador está exposto, por inteiro, no trecho seguinte que aqui transcrevemos: "as minhas próprias experiências, e não as dos outros, em que confio poucas vezes pela multidão de aparatos menos sinceros... as minhas próprias experiências, digo, o que me mostraram analisando o nitro... foi, que este sal é produção do ar, mas não do ar unicamente; e que contém dotes admiráveis, negados inteiramente a todos os outros sais... porém não pude descobrir nele os efeitos portentosos de que fazem menção João Rodolfo Glauber, Paracelso, Becher e outros" (Problema, I, ps. 84/85). Como se verifica, no exemplo acima, Matias Aires não se contentou em analisar o salitre pelo que chegou a determinar a sua composição com algum rigor e a estudar algumas das suas propriedades. Não pôde encontrar algumas das referidas por Glauber, Paracelso e Becher. E anota o fato, baseado nos seus próprios trabalhos apesar da contradição com que escreviam os mestres na matéria.

A descrição e explicação dos fenômenos naturais ocupam praticamente todo o livro, e são examinadas as ligas, a fusão e a dissolução dos metais, a formação do campo magnético, a solução dos sais, a cristalização, fermentação alcoólica e inúmeros outros fatos, e, no index por que conclui o Problema de Arquitetura Civil, define os termos científicos, os produtos e os aparelhos, inclusive o microscópio.

Os problemas mais diretamente ligados às atividades normais da vida do século XVIII, tais como a agricultura, a fabricação do vinho e do vinagre, preocupam mais de perto a atenção de Matias Aires que tem oportunidade de explicá-los à luz dos seus conhecimentos científicos e das suas experiências fugindo às indicações mais ou menos misteriosas que até então eram inevitáveis.

Em dois lugares (Problema, I, ps. 93 e 114) repete as suas observações e ensaios a respeito da fertilidade da terra que se devia aos sais minerais, mas, por mais que analisasse, cuidadosamente, as amostras do solo de várias procedências não conseguira encontrar, nem ver o que atribui às melhores habilitações dos outros experimentadores. Mas, conclui por dizer que "na Física cada um está pelas suas próprias experiências, e discorre segundo o que acha nelas".

A fabricação do ouro, partindo de materiais fornecidos facilmente pela natureza fora um dos grandes problemas da alquimia

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