Dois paulistas insignes: José Ramos da Silva e Matias Ramos da Silva Eça (Contribuição para o estudo crítico da sua obra, 1705-1763)

certo ponto, o silêncio que sobre ele guardam as histórias da literatura portuguesa impressas em data recente.

Mas, por outro lado, o estudo que lhe consagrou o Professor Fidelino de Figueiredo, em sua História da Literatura Clássica, 2ª época: 1580-1756, merece indicação especial pelo apreço demonstrado às Reflexões sobre a Vaidade dos Homens e o seu autor, como se verifica pelo seguinte trecho que, data vênia, aqui incluímos: "Em cerca de dois séculos de literatura, que neste volume historiamos, não encontramos escritos tão ricamente dotados do poder de introspecção e do de expressão, como neste esquecido paulista, que é de certo das mais valiosas contribuições do Brasil colonial para o cabedal literário da metrópole".

O segundo dos livros de Matias Aires, Problema de Arquitetura Civil, impresso em 1770, depois, portanto, da morte do autor, é lido hoje apenas por um ou outro estudioso em busca de vocábulos de pouco uso. Já o notaram Laudelino Freire em ensaio, único que chegou ao nosso conhecimento, sobre esse aspecto da obra de Matias Aires em que, ao mesmo tempo, chama a atenção para o emprego continuado do superlativo absoluto como um dos aspectos característicos do seu estilo. Insiste o escritor sergipano no interesse fundamental da leitura do Problema de Arquitetura Civil para as pesquisas lexicográficas. Enumera uma série de vocábulos que devem passar ao léxico português, abonados como o foram em repetido emprego por Matias Aires: concrescer, aniilar, albiforme, aluminoso, essenficar e muitos outros.

Discorre o paulista insigne, nas citas partes do Problema de Arquitetura Civil, com mais de 600 páginas, sobre os temas: por que razão os edifícios antigos tinham e têm mais duração que os modernos? E estes por que razão resistem menos ao movimento da terra quando treme? A primeira impressão (e foi esta que nos levou a empreender a sua leitura pela primeira vez) é que aí se recolhessem dados e informações, da maior importância, sobre a técnica da construção portuguesa, no século XVIII, isto é, depois da influência exercida pelo movimento da expansão colonial lusitana, em África e Ásia, e principalmente no Brasil. Há muitos problemas ligados à história da arte brasileira, no período colonial que ganhariam extraordinário desenvolvimento e se esclareceriam em vários aspectos se dispuséssemos da exposição mais ou menos segura dos processos e programas de construção, levada a cabo por um espírito da agudeza do de Matias Aires. Mas, o interesse da leitura do Problema

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