fazê-lo realidade. Foi assim que o bandeirante — mameluco que era a soma do índio, do português e do castelhano — sentiu-se tangido a ir procurar, nas profundezas dos "gerais sem tamanho", a misteriosa montanha de prata ou esmeraldas: "acharia o que procurava — dizia um desses iluminados — ou morreria na empresa"(2). Nota do Autor
Eis que a nostalgia da selva espicaça o bugre que reside dentro dele a retornar à floresta nativa donde partira; a ambição ibérico-semítica esporeia-lhe a vontade para se atirar à demanda do tesouro fabuloso. E ele parte para a aventura, deixando para trás os pagos pobres de Piratininga:
"Parte enfim para os serros pertendidos,
Deixando a pátria transformada em fontes,
Por termos nunca usados, nem sabidos,
Cortando matos, e arrasando montes,
Os rios vadeando, mais temidos,
Em jangadas, canoas, balsas, pontes,
Sofrendo calmas, padecendo frios,
Por montes, campos, serras, vales, rios"(3). Nota do Autor
Esta oitava epopeica foi inspirada no feito bandeirante mais típico — a expedição de Fernão Dias Pais — e festeja o seu venerando herói.