INTRODUÇÃO
ANTES QUE UMA TESE, é este trabalho um tema historiográfico, uma dissertação. Não tem as características da tese clássica, sorboniana, que parte de premissas escolásticas para chegar às rígidas formulações lógicas das conclusões e dos corolários. Um dia, em Paris, ali pelas alturas de 1266, depois de vencida a corrente dos espirituais franciscanos, que reivindicavam o preceito reiterado do desprezo da ciência dos homens, imposto por São Francisco de Assis, quis o Geral São Boaventura que os jovens alunos de sua Ordem se exercitassem nas lides da inteligência, para, como ele, Alexandre de Hales, Tomás de Aquino, Alberto Magno e outros frades mendicantes, ascenderem às cátedras iluminadas da Universidade. Criou para eles a defesa de tese, naquele sentido estrito de ser sustentada publicamente, com os recursos dialéticos da argumentação e da defesa. Teria sido essa a origem da instituição da tese acadêmica, que a Sorbonne vem mantendo ininterruptamente, ao fim dos seus cursos, desde 1323.
Se este trabalho for uma tese, sê-lo-á não à moda medieval, mas clássica, no sentido aristotélico: é uma proposição, uma dissertatio histórica, a qual, se fundamenta e ampara a demonstração do tema proposto, não carece ela própria de ser demonstrada. Para tanto, cuidamos de dar ao trabalho um travamento estrutural, distribuído em duas partes equilibradas, cada uma de