O Conde dos Arcos e a Revolução de 1817

permitirá a república que a plebe, a quem aparentemente está entregue a soberania, seja sempre conduzida por demagogos a serviço de interesses estranhos formando o conluio imenso duma conspiração universal materialista de que a chamada revolução francesa foi o brado sanguinário mais decisivo.

Por isso, a revolução só consegue dominar uma monarquia quando despida dos princípios católicos; cindida ou substituída a dinastia, ou depois de minada pelo liberalismo, o qual não é da essência do regime monárquico e é, sim, um artifício revolucionário que após investidas persistentes e demoradas se lhe introduziu para enfraquecê-lo. A monarquia assim deformada já é república. Por esse motivo, é perdoável a insensatez de certos idealistas, talvez abnegados, que, entregues de corpo e alma à defesa dum absurdo como a república, que lhes pareceu justo e lógico em abstrato, por lhe não conhecerem na realidade o alcance revolucionário, são levados, por vezes, alucinados por um fanatismo extremo, ao máximo do sacrifício. A revolução republicana de 1817 é disso uma prova. Tanto é assim que havia como chefes, principalmente, padres, justamente aqueles que, pela sua formação mental, segundo a doutrina da Igreja deveriam ser antiliberais, e guardas ciosos da ordem social natural e tradicional. Foi uma revolução de padres, disse Oliveira Lima. E padres maçons, o que mais admira! quando a seita estava condenadíssima havia um século pelos sumos pontífices. Claro, os princípios malsãos com que se trabalhou as suas inteligências, às vezes privilegiadas, foram a causa desse erro tão grande que os levou a esse desatino político. Mais tarde, também alguns

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