O Conde dos Arcos e a Revolução de 1817

pelo liberalismo, o Príncipe, não podendo manter a estrutura do Antigo Regime, haveria de ir contra os que o serviam, embora esse não fosse o seu intento, não fosse esse o seu desejo, não estivessem esses atos de acordo com a sua formação, com os princípios que esposava. Era a inelutável necessidade das situações difíceis, pavorosamente complicadas e imprecisas. Bem haveria de sentir o Príncipe Dom Pedro de desfazer-se do Amigo leal e firme. O Rei e o Príncipe não podiam dispensar os conselhos do Conde dos Arcos. Esta carta sem data, do Príncipe Dom Pedro a Dom Marcos, pedindo-lhe para intervir a seu favor, mostra não só a gravidade da situação, mas, ainda a confiança, a força das ponderações do último Vice-Rei no ânimo do Rei:

"Meu Conde e Amigo

Dou-lhe parte, o Sarmento me disse, que o Thomaz lhe dissera que eu não havia de ir, porque êle não queria, e que Meu Pai tambem não queria mas havia a Mana com meu Sobrinho, e o Mano de baixo do pretesto de tomarem conta nas suas casas, deste modo não vamos bem e é necessário, que o Conde veja se meu Pai decide a meu favor que é o que nós desejamos. Eu hontem disse a Mana que sabia todas estas coisas, porque me haviam dito na Cidade, e eu tinha muito interesse n'isto porque meu Pai interessava igualmente ou se era possível ainda eu interessava mais para ver se éla lho vai contar; e se meu Pai lhe diz amanhan alguma coisa, mas ainda que êle, não diga nada inste o Conde"

O Conde dos Arcos e a Revolução de 1817 - Página 303 - Thumb Visualização
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