O Conde dos Arcos e a Revolução de 1817

Irá a chorosa aflição

Apalpar-te o coração

c'os negros dedos mirrados

E, ainda, chorando talvez um amor perdido, um amor que lhe moera o coração, dizia, em outros versos, do descaso pelos bens da fortuna:

De que me servem sem ti

Os bens que a fortuna dá?

Os pobres, sem eles vivem,

Mas sem ti, quem viverá?

Ou, melhor precisando seu pensamento:

Não creias que me cativem

Vossos bens por que tanto gemem.

Os ricos, com eles, tremem.

Os pobres, sem eles vivem.

Não remedeiam meus males

Os bens da fortuna vária.

A ventura imaginária,

Não compensa o bem real.

Filósofo e poeta, militar e esteta, estadista e asceta, assim se define o Conde dos Arcos. Não sabia sentir os atrativos das coisas frívolas, transitórias, materiais. Dom Marcos de Noronha e Brito tinha a alma voltada para o alto, não compreendia as situações terra-a-terra do liberalismo gozador. Obediência, disciplina, hierarquia, por amor ao bem comum, tais eram os seus princípios políticos. Apartar-se deles, era renegar à sua ávida nobreza, que vinha de

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