Irá a chorosa aflição
Apalpar-te o coração
c'os negros dedos mirrados
E, ainda, chorando talvez um amor perdido, um amor que lhe moera o coração, dizia, em outros versos, do descaso pelos bens da fortuna:
De que me servem sem ti
Os bens que a fortuna dá?
Os pobres, sem eles vivem,
Mas sem ti, quem viverá?
Ou, melhor precisando seu pensamento:
Não creias que me cativem
Vossos bens por que tanto gemem.
Os ricos, com eles, tremem.
Os pobres, sem eles vivem.
Não remedeiam meus males
Os bens da fortuna vária.
A ventura imaginária,
Não compensa o bem real.
Filósofo e poeta, militar e esteta, estadista e asceta, assim se define o Conde dos Arcos. Não sabia sentir os atrativos das coisas frívolas, transitórias, materiais. Dom Marcos de Noronha e Brito tinha a alma voltada para o alto, não compreendia as situações terra-a-terra do liberalismo gozador. Obediência, disciplina, hierarquia, por amor ao bem comum, tais eram os seus princípios políticos. Apartar-se deles, era renegar à sua ávida nobreza, que vinha de